Nosso cérebro muda, mas nossa existência persiste. Por quê? (parte 1)
Após uma certa quantidade de anos, todas as moléculas do nosso cérebro são trocadas, isto é, nosso sistema nervoso central é renovado materialmente de tempos em tempos por meio de mecanismos de síntese e reciclagem molecular. Podemos dizer, inclusive, que não só as moléculas são renovadas, mas também grande parte das configurações espaciais que as mesmas apresentam nos meios intracelulares se reconfiguram. Indo mais longe, podemos dizer, num nível mais alto de organização funcional, que o tecido neuronal, com suas ligações dendríticas, envoltórios mielínicos e assim por diante, alteram-se ou sofrem degeneração - sabemos que a partir dos 25 anos tem início a degeneração neural. Contudo, a despeito de todas as alterações e degenerações, persistimos sentindo que continuamos a ser a mesma pessoa . Por quê? Como isso é possível? Muito antes do advento da neurobiologia celular, filósofos do século XVII já discutiam problemas relacionados. No caso, o problema apresentava-se no plano