O Absurdo
Tinha a faca, bem afiada e pouca reluzente. Seu fraco brilho não era sedutor o suficiente. Mas, tinha a certeza de que sua lâmina era o suficiente para dilacerar minha pele pouco a pouco. Começaria - no primeiro movimento de corte - a remover o curto e frágil tecido epitelial para depois alcançar o conjuntivo onde a invaginação deixaria de ser branca e passasse a ser vermelha. Pensava em como seria o jorro de sangue ao atingir uma artéria. No momento, o coração acelerado daria impulso para espirrar sangue ao longe. Provavelmente em meio a dor e desespero acabasse cortando um nervo também, o que me atenuaria a dor e agonia. Queria, ridículamente, que alguém tivesse pena de mim. Como se a atenção de outro humano curasse toda a minha angústia. Nesta hora podia enxergar a pequenês de todo e qualquer medíocre e frágil ser humano. Passei então a rir, enquanto chorava, ao perceber o quanto minto pra mim mesmo sacralizando amizade, o amor, as pessoas. Esta era a hora de uma força maior dar um