“Denomino uso privado aquele que o sábio pode fazer de sua razão em um certo cargo público ou função a ele confiado. Ora, para muitas profissões que se exercem no interesse da comunidade, é necessário um certo mecanismo, em virtude do qual alguns membros da comunidade devem comportar-se de modo exclusivamente passivo para serem conduzidos pelo governo, mediante uma unanimidade artificial, para finalidades públicas, ou pelo menos devem ser contidos para não destruir essa finalidade. Em casos tais, não é sem dúvida permitido raciocinar, mas deve-se obedecer.” “[...] Entendo, contudo sob o nome de uso público de sua própria razão aquele que qualquer homem, enquanto sábio, faz dela diante do grande público do mundo letrado.” (Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento - Immanuel Kant) É bem possível dizer que Kant, quando escreveu “Resposta à Pergunta: Que é Esclarecimento?”, ele estava exercendo seu saber dentro dos limites do condicionamento do uso privado da razão. Ora, esta idéia de
Por Benilson Nunes (Benny) 1. Introdução Para compreender a teoria de Nagel a respeito da consciência, devemos, de antemão, explicitar as suas pretensões metafísicas mais fundamentais. Trata-se do que o autor passou a nomear, em 1986, de “teoria do aspecto dual” (NAGEL, 2004, p. 43) ou, como poderíamos dizer em função de seu monismo, monismo de duplo-aspecto . Essa dualidade de aspectos, segundo Nagel, dá-se em uma terceira coisa [1] que abriga, essencialmente e simultaneamente , o mental [2] e o físico. Dizendo de outro modo, o monismo de duplo-aspecto nageliano é uma teoria da dupla-essencialidade — mental e física — a respeito de um substrato mais fundamental da realidade. Assim, temos que a realidade possui, ela mesma, uma escala última que seria, propriamente, psicofísica . Essa tese da essencialidade psicofísica da realidade advogada por Nagel surge com a pretensão de resolver o problema que ficou intitulado, a partir do artigo Materialism and qual
Ao procurar bibliografia confiável em língua portuguesa do assunto, notei que temos pouca coisa disponível. Quando muito, temos capítulos de livros de filosofia da mente traduzidos que mencionam o pampsiquismo sem, todavia, tomá-lo como problema alvo. A minha primeira referência em língua portuguesa do assunto, por exemplo, foram os trechos traduzidos onde Thomas Nagel defende a teoria do duplo-aspecto — que pressupõe o pampsiquismo — em Visão a Partir de Lugar Nenhum . Assim sendo, decidi, por conta própria, em escrita livre, elucidar em nossa língua essa doutrina metafísica que, em teoria da mente, vem sendo uma tese cada vez mais discutida. Devemos, já de início, buscar distinguir o pampsiquismo do animismo . O animismo é a tese de que coisas tomadas habitualmente como desprovidas de vida psíquica podem possuir intencionalidade semelhante a nossa. Em uma de suas expressões, talvez a mais extremada, o animismo advoga mais que intencionalidade para o que encontramos na
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