Stirner - Minhas Relações
"A propriedade privada vive por obra e graça do direito. Só nesse âmbito ela tem sua garantia - a posse ainda não é propriedade, só se torna 'coisa minha' com a aprovação do direito; não é um fato (un fait, como Proudhon pensa), mas uma ficção, uma idéia. Uma coisa não é minha graças a mim, mas graças ao direito." - Stirner, O Único e a Sua Propriedade. Tradução de João Barrento; Martins Fontes, 2009. Página 324.
"O Estado não admite que o homem possa ter relações diretas com o homem; ele tem de ser sempre intermediário, tem de...[portanto] intervir. O Estado tornou-se aquilo que Cristo, os Santos, a Igreja eram: nomeadamente 'íntermediário'. Separa o homem do homem para se colocar entre eles como 'espírito'." - Stirner, ibidem. Página 328.
"Todavia o que acontece com meu trabalho material se passa também com o intelectual. O Estado permite que eu use e valoriza minhas idéias e as comunique (estou valorizando-as pelo fato de os que me ouvem me honrarem com isso etc.) - mas só enquanto minhas idéias forem as suas. Se, pelo contrário, eu alimentar idéias que ele não possa aprovar, isto é, que não possa fazer suas, de modo algum me permitirá valorizá-las, oferecê-las à troca, pô-las em circulação. Meus pensamentos só são livres se me forem concedidos por graça do Estado, ou seja, se forem pensamentos do Estado. Só me deixa filosofar livremente se demonstrar ser 'filósofo do Estado'; contra o Estado não posso filosofar, embora ele esteja disposto a aceitar meus 'estímulos' às suas 'fraquezas'. Concluindo: por um lado, posso comportar-me como um eu generosamente autorizado pelo Estado, munido de seu diploma de legitimidade e do passaporte de sua polícia; por outro, não posso valorizar o que é meu a não ser que se prove que essa minha propriedade é também a sua, e que eu a tenho com concessão feudal do Estado. Meus caminhos têm de ser seus caminhos, senão ele me colocará sob sequestro; as minhas idéias têm de ser as suas, senão ele me amordaça." - Stirner, ibidem. Página 329.
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