O Mal da Sobrevivência

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Raoul Vaneigem, filósofo francês existencialista e libertário para mim e situacionista para outros dos tempos de 1968. Poucos escritores conseguiram dar tanta transcendência à palavra destruição. O trecho que vou colocar é, assim considero, do seu melhor livro: A Arte de Viver Para as Novas Gerações.

"O Mal da Sobrevivência" - O homem da sobrevivência é o homem do prazer-angústia, do inacabado, da mutilação. Aonde ele iria se reencontrar nessa perda infinita de si mesmo para a qual tudo o empurra? Ele vaga num labirinto sem centro, um labirinto cheio de labirintos. Arrasta-se num mundo de equivalências. Matar-se? Para se matar é preciso algum senso de resistência, possuir em si um valor para destruir. Se ele não existe, os próprios gestos de destruição se reduzem a nada. Não se pode lançar o vazio no vazio. "Se uma pedra caísse e me matasse, pelo menos ela teria uma utilidade,' escreveu Kierkegaard. Não há ninguém hoje, penso eu, que não tenha sentido horror de um pensamento como esse. É a inércia que mais seguramente mata, inércia daqueles que escolhem senilidade aos 18 anos, que mergulham oito horas por dia em um trabalho embrutecedor, que se alimentam de ideologias. Debaixo do lastimável ouropel do espetáculo, existem apenas seres esqueléticos que desejam, embora temendo, o expediente de Kierkegaard, para que assim nunca mais tenham de temer aquilo que desejam."

Entendeu pouco? Leia de novo, eu precisei ler 7 vezes para entender por completo este pequeno trecho do livro mesmo já sendo leitor fervoroso de Vaneigem. Leia, e se mesmo depois de ter lido todas as vezes possível e não ter entendido, procure ajuda médica para conservar sua lucidez, pois você realmente vai precisar. Este texto é sério, reflita.

- Crowley

Comentários

Angel disse…
Apesar de preferir o que ele escreveu, sobre a decadência do trabalho, esse tb é um bom trecho. Mas já que vivemos num mundo capitalista, o mais fácil a se fazer é se "matar" 8 horas por dia no trabalho (para não morrer de fome), sempre crescer de forma intelectual e não praticar a inércia.Assim é uma boa maneira de equilibrar-se e manter o espírito revolucionário pra quando estiver no "topo" ter condições de mudar alguma coisa no que diz respeito a sobrevivência.
17 de janeiro de 2009 às 11:15
Renquer disse…
desde quando vc tem um blog?
ahuHUAhUHA
23 de janeiro de 2009 às 20:00
Anônimo disse…
O vaneigem é fudido mesmo.
Essa passagem é a realidade da maioria dos seres humanos.
10 de abril de 2009 às 13:16
Anônimo disse…
Angel, em relação a zelar pela sobrevivência concordo.
Espiríto revolucionário já não é mais possível e além disso, é contraditório com "estar no topo", concorda?
10 de abril de 2009 às 13:18
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