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Mostrando postagens de julho, 2010

Aforismo

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Um pensamento só pode ser sincero e verdadeiro se - e somente se - tiver, entre os elementos do plano de fundo, a Morte. - Benny

Sociologia do Respeito (2)

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Não uma continuação do outro texto Sociologia do Respeito , mas uma construção propositiva nascida das cinzas ideológicas, este texto virá abordar com um teor mais realista e profundo uma das convenções morais mais macabras da história do ser humano, aquela que busca legitimar absurdamente a resignação perpétua, isto é, o respeito. Nos quadrinhos (sem querer fazer uma analogia clichê, mas já fazendo) do Batman existe um personagem que foi e continua sendo objeto de contemplação da filosofia, no que compete aos adeptos do esvaziamento, da niilificação. Este é o Coringa, figura extremamente odiada na história do quadrinho. Símbolo de inúmeros adjetivos negativos, segundo certa hegemonia presente na história, tais como: imoral, vândalo, delinqüente, terrorista, malvado, destruidor, violento, demoníaco - dentre outros - ainda sim é contemplado. Ora, é contemplado simplesmente por ser excêntrico? Às vezes, equivocadamente. O coringa não é objeto elegante de hermenêutica filosófica, mas é u

A Validade da Tarifa-Zero

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Enxergar a importância primordial de pensar o transporte em uma cidade não deveria ser aventura de poucos. No que condiz com a construção de uma cidade melhor o transporte deve estar entre as prioridades imperativas de articulação e ação. Se concebermos, como trajeto ideal de evolução, a procura incessante da liberdade - isto é, pensar em como estarmos sempre mais próximos da emancipação real e absoluta - a mobilidade, o livre ir-e-vir, então, deverá protagonizar, juntamente com outros problemas, os meios para a busca deste fim. Liberdade, portanto, mobilidade. Tal mobilidade, em sua representação urbana, será indiscutivelmente o transporte ou, mais objetivamente, os meios de transporte. É justamente o debate da gestão destes meios (transporte) que têm sido tarefa de poucos - o que não deveria acontecer, afinal na cidade não moram poucos. A hierarquia de prioridades do debate urbano não corrobora com a realidade ; é perfeitamente válido entendermos o transporte como um bem essenc

O Refúgio

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Certa vez, em uma conversa desnecessária, apontaram-me, julgando como fraqueza, meu uso do álcool. Como sempre mais um julgamento vazio e de única intenção: deturpar quem sou. Pode-se até dizer que é feio, às vezes inconveniente. Contudo, o que não aceitarei em todo caso é aplicar sentido de imoralidade. Tomo a liberdade e certeza absoluta de dizer que tal refúgio - se é que podemos chamá-lo como tal - não é sinal algum de um tipo de inferioridade de espírito; o seria salvo os casos de devoção frequente e destrutiva para com a droga. Já faz algum tempo que pessoas se afastaram de mim por conta dela. Seja porque perco a feição de homem civilizado, seja porque passo vergonha para outros. Todavia, o fato de às vezes o álcool ser usado para a socialização de um meio acontece - no que tange se assemelhar aos do grupo. Em meu caso, não há como ser menos arrogante: será para suportar a tagarelice vã e negar por algumas horas meu desprezo pelos incapazes de autenticidade e cérebro. Percebendo

Sobre o Relacionamento Cotidiano

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Haverá, evidentemente, diversos momentos em que o esbarrar entre rostos conhecidos do dia-a-dia será inevitável. No que tange o cumprimento, a cordialidade branda e o sorriso não há o que problematizar. É verdade que - exceto se considerarmos como instrumento de civilidade - tais cumprimentos são triviais e quase uma perda de tempo (se não fosse este ato tão breve). Todavia, o que vale a pena agora problematizar é a preocupante - ou não - frequentização de tais breves cumprimentos em detrimento de relações cotidianas, que deveriam ser, no mínimo, suavemente íntimas. Fenômeno este que costuma incessantemente acontecer aos portadores da sabedoria prática ou, respeitando a proposição dos antigos, aos portadores do desejo de alcançar a sabedoria. Isto, claro, guia sorrateiramente este portador ao isolamento. Sem perceber - muitas vezes - é levado à uma solidão que chega a render o suicídio da vida social. O principal sintoma para diagnóstico disto é a arrogância por parte dos portadores da

O Anarquista de Émile Armand

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Este ensaio foi escrito em 1911 e publicado posteriormente na Enciclopédia Anarquista de Sébastien Faure. Se trata de um "manual", de um texto extremamente dogmático. Entretanto, sabendo disto, pode-se usar este texto com fins não-ideológicos. Afinal, o que vale é a malícia: mesmo nos jardins de rosas mais espinhosas é possível, ainda, retirar os espinhos para enaltecer o que restou de mais belo. O que segue se trata apenas de um fragmento do texto que é muito mais longo, tratando posteriormente do anarquista individualista (termo que nunca concordei para designar o pensamento stirneriano). Lá vai: O anarquista é aquele que nega a autoridade e rejeita seu corolário econômico: a exploração. E isso em todas as áreas de atividade humana. O anarquista deseja viver sem deuses nem mestres; sem patrões nem diretores; alegais, sem leis e preconceitos; amorais, sem obrigações e moralidades coletivas. Ele deseja viver em liberdade, viver sua concepção pessoal de vida. Em seu inter