Sobre uma nova proposta...


O Guará Underground, no dia 19 de dezembro, completou um ano de existência. Foram muitos os episódios que marcaram a memória do coletivo. Lembrar de cada um deles agora talvez não seja a questão. Todavia, o que de fato precisamos lembrar é que o GUG, depois de todas as vitórias e derrotas que se passaram, pode constituir, agora, uma família. Não estamos falando daquela família arcaica da qual fomos criados em que a mulher é um servo e a hierarquia é sagrada. A família que o GUG agora representa é formada por parceiros e companheiros diretos, sem cláusulas e líderes. Uma família autêntica, nascida da necessidade de união, para realizar o verdadeiro underground.

Dizer o que o GUG pretende como objetivo é uma tarefa um tanto subjetiva. Preferimos dizer que temos um subjetivo como meta, nem obscuro nem claro, mas espontâneo. Sabemos, até agora, que a realidade que nos coage é fria, cruel. Esta angústia que pode estar presente em um ou outros é uma forte arma contra nossos "subinimigos". O militante do GUG é aquele que negou a ausência de sentido das coisas da maneira mais radical: O absurdo da vida como santuário de ódio e reflexão. Dizer isso não significa que somos formados apenas por ateus niilistas, pois a necessidade de união nasceu para questionar nossas lentes culturais. Contudo, nossos princípios podem dizer muita coisa, pois são eles nossos meios e fins. Considerando isto, o GUG teria como subjetivo a destruição de tudo aquilo que coage de alguma forma, direta ou indiretamente, o ser humano.

Até hoje, não firmamos compromisso com nada. Ou melhor, nosso compromisso é, justamente, O Nada. Dizer isso tudo nos leva a concluir: que merda é essa? É a merda que sem querer sai algo, da insurreição mais profunda de nossos pensamentos. Não falamos de revolução, mas denunciamos cada escória da sociedade, daquilo que foi criado ingenuamente por poucos velhacos entupidos de ganâncias infantis. Aquilo que o GUG diz em voz alta é o que todos têm preso na garganta, em silêncio. Cabe a nós, de alguma forma, quebrar esse silêncio que nos submete as mais asquerosas culturas. Trata-se de fazer a contracultura de fato, de apresentar esta proposta a sociedade nas cores que refletem o underground, construindo uma sociedade de contracultura generalizada!

- GUARÁ UNDERGROUND, 19 de dezembro de 2009.

Comentários

Unknown disse…
Ainda acho que deveria pensar em fazer um novo livro. Você escreve muito bem.
Sobre o Guará Underground...todos vcs já merecem condecorações, pelo simples fato de acreditar que isso tudo daria certo.
Boa sorte ao Guará Underground.
*.*
Parabéns!
Marina disse…
O seu objetivo é impossível. Porque numa situação de convívio entre seres humanos, ou haveria coação externa para impedir que as pessoas se matassem, ou haveria coação interna para reprimir os próprios desejos de avançar sobre o outro. E essa coação interna só poderia existir fruto de uma cultura que estabelecesse isso como desejável. Logo, é impossível romper todos os laços de coação que agem sobre o ser humano.
- Benny. disse…
Oi Marina!

Com toda a certeza é impossível acabar com todas as coações que nos oprimem.

Contudo, posso perceber que você está tocando em uma velha questão da necessidade de regras impostas por uma desonrizontalidade, isto é, a necessidade de um líder para poder existir um convívio plausível em sociedade.

No texto, que é um manifesto de aniversário de nosso coletivo, dizemos que o subjetivo do GUG é destruir as coações que impedem o ser humano de poder viver intensamente. Certas coações como o contrato de namoro, as regras estabelecidas democraticamente, o compromisso organizacional.. são coisas adimissíveis não? a coação de que falamos são aquelas que, de alguma forma, direta ou indiretamente, subjuga a vida em uma mera sobrevivência e transforma o ser humano em uma criatura usurpada de sua autenticidade e criatividade.

Acreditamos que a nossa sociedade - a sociedade espetacular - vive um novo totalitarismo mascarado que chamamos de totalitarismo mercantil e é por isso que falamos de contracultura, pois, a cultura da qual vivemos nos reduz a meros escravos - não escolhemos esta cultura e não somos transigentes com ela. Portanto, propomos esta nova proposta de reinventar a cultura.

Estou sempre disponível para debater aqui no blog. Obrigado por participar!

Abraços

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