Em sentido "extra-USPiano".


Pois é, tentarei encarar o discurso iluminista, vamos lá:

Independentemente do que cada um acha: um grupo relativamente grande de pessoas, aliás, pessoas de família economicamente viáveis, não "criminosas", que se organiza para causar transtornos sólidos publicamente em um sistema institucional - no caso, uma instituição de enorme poder que é a Universidade - em nome de vingança em significado não-pejorativo (é como Eu prefiro ver) diz algo que passa despercebido. Pelo menos no "mundão" de opiniões previamente engajadas, e quantas opiniões!

Dizer afirmações de espécie como: "Ah! Eles infringem a lei, são uns baderneiros", "Ah! Eu acho que as drogas fazem mal a sociedade", "Ah! São mauricinhos querendo aparecer", "Ah, eu acho isso e aquilo..." não demonstra a análise verdadeiramente importante, pois isso são "meras perspectivas de mundo", isto é, aquele velho papo que "hippie" gosta de chamar de etnocentrismo, positivismo, discursos alienados ou "encharcados de ideologia" e etc. Apesar de parecer "fanático", "sonhador", ou mesmo irritante, o que os "porras-loucas" dizem é um fenômeno inviolável. Se trata disso mesmo! Como o nosso colega aforismático preferido da juventude "descolada", Nietzsche, diz: "Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas".

Mas não vamos cair no relativismo doido!

Para quem é capaz de uma perspectiva um pouco mais sincera diante da realidade - considerando ser possível - sabe que o que acontece na USP, ou que tá acontecendo em plena Wall Street, ou a resistência que acontece no Santuário dos Pajés, ou o que se constrói em Chiapas, ou mesmo o que acontece nas "loucuras da noite" contemporânea diz algo importante, a saber, a oposição concreta cada vez maior contra a ordem das coisas. Não se trata de quem tá certo ou errado, mas de que existe uma parte (ou melhor, partes) que, cada vez mais, se arrisca fisicamente - novamente, pessoas de família com renda, que podiam estar "sussegadas" em casa - para afirmar uma visão de mundo completamente contrária aos costumes vigentes. São pessoas que GOSTAM MESMO de usar drogas e estão dispostas a fazer guerra por isso, ou pessoas que, mesmo estando financeiramente estáveis, lutam por sublevações econômicas, seja por conta do cotidiano entediante e massacrante ou mesmo pela singela vontade de experimentar novos modos de vida e da moral, em suma, pessoas DE OUTRO MUNDO, que incentivadas por uma explosão de vontade de viver como querem, DECLARAM GUERRA CONTRA TUDO. Pessoas que desobedecem a lei, que desobedecem a família, que tapam os ouvidos frente aos ditos da "educação" e "em tudo quer ter razão".

O número dessas pessoas, como já era de se esperar, cresce cada vez mais e vai continuar crescendo! A história tende PARA ISSO. Se existe um fato, ESTE é o fato. Não adianta dizer que: "tudo bem, mas existem outros caminhos para se defender interesses". Ah! Dizer isso já é arbitrário, já é o mesmo de dizer que "Faça isso como o ESTADO DE COISAS manda" e, portanto, "Faça isso dentro da legalidade", ou melhor, "SEJA EDUCADO, SEJA UM BOM RAPAZ".

O que vamos então fazer com essas pessoas? Reeducá-las? Exterminá-las? Botar todas elas na cadeia? Neste último caso, pelo número delas, já se faz impossível. Aliás, não forme opinião sobre isso antes de saber se alguma dessas pessoas não estão entre os seus amigos ou familiares.

A nossa sorte, nós que não somos essas pessoas, é que essas pessoas ainda usam de muita paciência. Elas, na maioria das vezes, não andam armadas, não estabelecem organizações criminosas especializadas, não explodem nada, não assaltam lotéricas e usam de violência, no máximo (SEJAM SINCEROS CARALHO) moderada. São pessoas que gostam de "atos simbólicos". Causam transtornos? Sim, mas sem matar ninguém. São pessoas que ainda mantém um fragmento delas no nosso mundo, ainda se encontra nelas o nosso jeito "bondoso" de ser. Assim, apesar de viverem em "outro mundo", nasceram NESTE mundo, tinham as mesmas opiniões que você! Só que, seja qual for o motivo, decidiram experimentar uma nova vida, decidiram projetar novas cores na realidade e mesmo na moralidade, porque não? Como se sabe, a moralidade constrói boa parte da realidade apreendida por nós, porque não também transformá-la?

Pra finalizar, o que quero que saibam é que EXISTE UM CONFLITO, aliás, um conflito que sempre existiu. O que acontece agora é que este conflito tem se tornado cada vez mais transparente para nós, que estamos sussegados em casa. Não dá mais pra ignorá-lo, por pouco não bate a nossa porta. É um conflito enorme e muito importante. É um conflito que COMPETE pela TOTALIDADE DA REALIDADE. Não sejamos metidos o suficiente pra sair vomitando opiniões diante disso, pois opiniões, em sentido vinculado como se vê, não importam mais, o conflito existe e vai continuar existindo. 

Vejo, neste momento, um bom critério de maturidade, a saber, tratar as coisas OBJETIVAMENTE.

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