Ode aos put@s.


NÃO se trata de esterilizar o mundo das relações sexuais e dos divertimentos promíscuos. Não se trata de exaltar hábitos ascéticos e bons costumes de velhaco, mas sim de exterminar as relações de domínio pressuposto e conservadorismo moral. Estes dois últimos que representam o problema real das relações sexuais. E por relações sexuais falo em sentido amplo, incluindo o que chamam de relações amorosas. Como já dito em textos passados, relações amorosas, enquanto ideia linguística, carece de concreticidade e referente prático no mundo real, é um domínio de discurso excessivamente abstrato. Mas deixemos isto de lado, voltemos ao sexo e promiscuidade:

A putaria - é esse o termo mesmo - não tem que acabar, pelo contrário, deve se intensificar. A promiscuidade, aliás, pra quem queira, está autorizada a se tornar um meio, fim e arte. Ao mesmo tempo, ainda se conserva o direito de ser reservado(a) sexualmente em âmbito particular. Sendo assim, putos e santos, para todos os gêneros, estão valendo. Dizer não para cada uma dessas sílabas significa dizer não para a vida de outra pessoa, algo moralmente muito sério.

É neste sentido e em outros que Emma Goldman, como sábia anarquista, disse: "se não posso dançar, esta não é a minha revolução". Mas se não quiser dançar, beleza, só não queira governar a vida sexual de outra pessoa (emitir uma opinião, inclusive, já é, em bom sentido, governar). Sexo não é problema social, é direito. Tomemos cuidado quando um conservador, diante de um complexo problema, abstrai tudo para falar de sexo: se trata de uma maneira estratégica de desviar a atenção de problemas reais. Não ache que o conservador é um velho caduco, ele na verdade é bem esperto.

- Benny

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